Tantas e tantas lambanças eu já fiz por esse mundão que às vezes até me dá uma certa vergonha de lembrar das atrapalhadas das quais eu participei. Mas também, muitas e muitas vezes sinto uma nostalgia que sufoca tão forte minha glândula pineal que parece que vou sucumbir inteiramente de gratidão perante a magistral harmonia que o mundo vai, indelével e discretamente compondo a cada folha, a cada suspiro de moça apaixonada, a cada uva amassada para confeccionar um vinho, a cada som disseminado pelas cordas de um violino, enfim, a cada instante absoluto da existência infinita do tudo e do nada.
De janeiros a dezembros, vou traçando cotidianamente o percurso, cumprindo meu carma e seguindo a rota até minha sepultura, onde meu corpo finalmente cumprirá com a mais total cumplicidade e dignidade seu antifalacial papel na natureza, e assim, eu serei o mundo, no subsolo, na água, no ar e no fogo, e muito mais ainda, nas lembranças que pairam no ar, entrecortando as asas dos colibris e as nuvens carregadas de chuvas, enfim, eu serei o mundo novamente.
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