Páginas

sexta-feira, agosto 10, 2007

Ciranda




Construa pra mim uma grande garrafa de café. Mostre onde fica a porta naquele corredor que vai dar na ala dos melancólicos. Procure comigo aquela folha que perdemos na floresta amazônica. Guarde esse segredo como quem guarda a própria alma. Fixe os olhos na bandeira hasteada procurando um minuto de paz. Escolha uma das estrelas do firmamento e a batize conforme lhe apraz. Leia um livro com a cabeça no travesseiro, com um copo de leite quente do lado. Faça seu irmão enxergar que o mundo é melhor do que ele pensa. Não discuta o fim do planeta, pense da prosperidade do infinito. Bom humor não faz nascer feridas.




Quando penso na discórdia, na desilusão, nas sofreguidões particulares dos habitantes daqui, fico um pouco tímido ao dizer que o otimismo tem que perdurar, porém a verdade é uma só, nós seguimos em frente, inevitáveis, seguimos, apesar de tudo, apesar dos pesares, apesar do ódio, da corrupção e da volubilidade, continuamos marchando, continuamos, talvez cegamente, caminhando para nosso anseado descanso. Após isso, ao olhar de cima, ao olhar nossos amigos de um lugar mais privilegiado, teremos a noção de onde pisávamos, de como a vida funcionara tão perfeitamente no meio de tanto caos e desilusão. Afinal, somos cegos, afinal, somos estúpidos por não fazer a mínima noção do que é este lugar chamado "mundo". Quando a negação acaba, quando o fingir e a ânsia se finda, só vem paz, harmonia, esperança e gratidão, daí tudo faz um sentido absurdo, daí paramos de xingar e assim, um ponto final com cara de reticências aparece na nossa frente.

Nenhum comentário: