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quarta-feira, agosto 22, 2007

Obscuro e Obsceno


Me chamaram pra ir pro fim do túnel, preferi não ir àquela luz, por mais sedutora que fosse. Eu precisava ficar, não poderia desistir assim, sem ter certeza se saio ou não saio das algemas de sempre. Eu vou, um dia, pro fim, mas antes eu preciso saber, eu preciso tentar e ter a solidez do que imagino e sonho, pelo menos uma porcentagem disso tudo. O que me atrai em mim é o eu que não conheço, é o que posso fazer comigo mesmo, são os pontos que acumulei por tanto tempo, minha capacidade. Tenho pessoas que me otimizam, que me trazem pro sólido novamente, que me fazem enxergar o André que se sustenta, que é forte, que tem noção, que não se perde. Talvez a química faça sua parte, que seja fixar-me no planeta, no tateável, no gostoso. Muitos prazeres não são nada doces, vivo deles por uma noite e vejo mais uma vez que não são minhas predileções. E o acarretamento inevitável, horas de letargia, necessárias pra que eu volte às realidades, aos sentidos, e construa uma fortaleza, preciso de um escudo mais duro, preciso de mais veneno. Estou abandonando a crisálida, talvez aquele sonho que tenho quase sempre, onde vôo por cima do rio amazonas, ou que caio de um prédio, ou que corro de objetos animados que me perseguem se tornem mais que realidades abstratas; talvez minha angústia de hoje seja necessária pra um futuro menos obscuro e obsceno. Talvez eu nunca chegue a uma conclusão sobre o que se passa, talvez eu nunca te dê uma resposta definitiva, talvez eu pense mais absurdos e fique doente novamente, contudo, será ótimo quando eu ser um inseto voador, e não mais uma larva, quando eu puder, com minha enxada, cavar minha sepultura num terreno onde possam brotar alguns ramos de utopia.

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