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sexta-feira, setembro 16, 2011

Meia-noite e Quarenta e Três

Estava bravo há menos de 20 minutos, agora fiquei tonto de novo. 

Incomodado comigo mesmo, eu fingi ser um Chuck Norris, eu pensei que a vida poderia ser na base da porrada, eu pensei errado. Eu não sei bater.

Olho pro tique-taque do relógio e só vejo falta de assunto.

Ter palavras e não ter como processa-las, me faz vítima das minhas próprias ideias, tique-taque duma figa, me deixando atordoado e preso num dilema linguístico-existencial.

A voz do âncora do jornal da meia-noite mal penetra nos meus ouvidos.

Nenhuma notícia me quer, nenhum entrevistado vai falar comigo. Meu talk show seria para entrevistar meus eus inexistentes. Eu nunca caí de uma arquibancada ou sequer pisei em uma.

O furo que fiz no pé, ao pisar num prego, lateja.

Achei que fosse uma "reunião do demônio", como vi num filme, no qual começa a acontecer uma série de infortúnios seguidos e pessoas começam a morrer. Eu consegui meter a testa numa tábua, furar meu pé com um prego e cair de bunda no chão molhado, tudo isso em acidentes isolados. Mas não sou supersticioso. O diabo foi embora.

Alguém está no chuveiro há vários minutos.

O chuveiro anestesia, com sua água quente que, de forma companheira, nos relaxa, entre músicas mal cantadas e masturbações frustradas. Foda-se a sustentabilidade, por ora.

Um fiapo de manga me incomoda.

As intempéries, as feridinhas chatas, a chuva de granizo, a lagartixa irriquieta na parede, o sobrinho chorando de madrugada. E as manias, aquelas que nos ranzinzam.

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